
Alguns empresários tiveram que fechar as lojas
No Instagram, a influencer e designer de interiores Lydi Siqueira ostenta uma vida luxuosa para os seus 16 mil seguidores. Mas fora da rede social, Liydianen Siqueira Santana Souto – seu nome de batismo –, 42 anos, é ré em mais de 20 processos judiciais e dezenas de queixas registradas em delegacias de Feira de Santana. Ela pertence a uma família rica e tradicional da cidade e, segundo as vítimas, usa todo o prestígio para aplicar o golpe: se apresenta como arquiteta, recebe dinheiro pelos projetos e não os realiza.
Em alguns casos, segundo denúncias, chega a praticar extorsão. De cinco empresários, o prejuízo supera os R$ 200 mil. Mas o estrago pode ser milionário. Em dois grupos de WhatsApp, estão 90 pessoas, que dizem ter sido lesadas pela “golpista de elite”, como está sendo chamada a influenciadora no meio policial.
Lydi Siqueira é filha de donos de uma tradicional loja de aluguel de vestidos de noivas na Avenida Getúlio Vargas e foi criada na Igreja Batista da Avenida, normalmente frequentada pelas pessoas mais ricas de Feira de Santana. “Usava o prestígio da família, que tem status. Quando a pessoa vai ao Instagram dela, tem essa percepção do luxo, só tem imagens de ambientes caros. Inicialmente, ela é educadíssima, se faz prestativa, diz que tem muitas indicações e nisso tudo vai conquistando as pessoas. No pós-crime, ela faz ameaças, dizendo que vai processar por quebra de contrato, ao mesmo tempo, em que se vitimiza e faz ataques, com fake news no Instagram e WhatsApp”, declara Matheus Junqueira Galvão Amorim, advogado de três das inúmeras vítimas que acusam a influencer de crime de estelionato. Duas delas ainda processam Lydi Siqueira por calúnia, injúria e difamação.
A maioria das pessoas que acusam a influencer é dona de lojas de roupas, de joalherias e de clínicas, como foi o caso da biomédica Fabiane Santos dos Santos, que precisou fechar o seu centro de estética em Feira de Santana, após contrair uma dívida superior a R$ 150 mil. Ela foi uma das pessoas que registraram a ocorrência na Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos de Feira de Santana.
“Em dinheiro, perdi R$ 34 mil, mas ela me fez alugar um ponto enquanto faria a obra. Ou seja, estava pagando o aluguel de dois espaços, sem falar que toda hora ela pedia dinheiro para uma coisa, pra comprar móveis, iluminação e outras coisas que nunca apareciam. Ela tem um poder de persuasão muito forte, que envolve a gente, que demorei para perceber que tinha caído em um golpe”, conta.
Fabiane conta que a influencer a procurou em outubro do ano passado e, inicialmente, quis fazer uma permuta, mas a empresária recusou. Então, segundo ela, Lydi Siqueira faria o projeto sem custo algum “pois estava afastada, mas precisava voltar ao mercado”.
“Dias depois, ela me cobrou R$ 3 mil para imprimir o projeto, projeto este que nunca vi. Me obrigou a dispensar toda a equipe de pedreiro, porque só aceitava fazer o serviço com as pessoas de confiança dela. Quando eu dizia que não tinha dinheiro, ela ameaçava que ia quebrar o contrato, que eu teria que pagar multas e ainda ficar sem a reforma. A gente, que é uma pessoa correta, quer honrar com os compromissos e comecei a pegar empréstimos em banco e com parentes, por pouco não recorri a agiotas”, detalha.
Diante de tanta pressão, Fabiane acabou vendendo uma loja de fardamentos avaliada em R$ 50 mil. “Ela me pressionava tanto, que fiquei desesperada e praticamente dei à loja R$ 5 mil para dar o valor que ela exigia para a obra, que nunca ficou pronta”, conta. A vítima quase passou o carro dela para o nome de uma mulher, indicada pela acusada. “Só não fiz isso, porque meu irmão entrou na jogada e percebeu que eu estava sendo vítima de extorsão”, conta.
A partir daí, a empresária começou a desconfiar do golpe. Algumas situações alimentavam a sua desconfiança, como o fato de Lydi ter usado o nome de um empresário renomado na construção civil de Feira de Santana.
“Quando queria arrancar dinheiro, dizia que ele é quem faria toda obra e que precisava de dinheiro para comprar mais materiais. Ela me encaminhou mensagens que seriam dele exigindo o pagamento. Só que uma certa vez, encontrei com esse empresário, que disse que não estava com a minha obra”, relata Fabiane. Ela descobriu que os orçamentos de materiais apresentados pela influencer eram falsos. “Liguei para uma grande loja de vidros daqui, informei os dados do orçamento, porque estava demorando muito. Para minha surpresa, a loja constatou que o comprovante que ela me passou era falso”, conta a empresária.
Em janeiro deste ano, a vítima foi ao encontro da acusada, na loja da mãe dela, para pôr fim à negociação. “Só que ela queria mais dinheiro, fazendo novas ameaças. Eu já estava desesperada, já tinha perdido tudo. Foi aí que liguei para a polícia, que levou ela para a delegacia”, conta Fabiane.
Na 2ª Delegacia Territorial de Feira de Santana, o caso foi registrado como ameaça. “A delegacia fez um termo circunstanciado, quando deveria ter feito o flagrante por estelionato, havia elementos suficientes para isso”, declara. Diante da repercussão, o inquérito foi encaminhado para a DRFR, onde as ocorrências contra a influencer são apuradas como estelionato.
Reportagem completa no link abaixo:
Foto do(a) author(a) Bruno Wendel
Por: Bruno Wendel
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